Quem tem medo do Michael Jackson?

    Ultimamente estamos diante de uma onda em que algumas pessoas alegam ter “Medo do Michael Jackson”. Não, não estou falando de crianças que acabaram de assistir Thriller ou de adultos que ainda lembram que se escondiam ao ver o clipe em 1983. Me refiro as pessoas que sentem medo do Michael Jackson por ser Michael Jackson. Mas elas sabem quem ele realmente é?

   Tudo bem, você pode alegar que não devemos julgar o medo do outro e que a empatia deve ser exercitada, mas quando fica claro que a fonte desse medo são mentiras é necessário mostrar que propagar algo cujo individuo não busca saber se é real ou não só serve para comprometer as chances do outro de buscar a verdade. E consequentemente a sua própria chance de entender sobre como você pode ter medo de algo ou de alguém que nunca te fez absolutamente nada.

   Partindo desse princípio não é nada cômico presenciar alguém que faz desse “medo” seu palco, trazendo a atenção para si e fazendo com que outras pessoas pintem Michael Jackson como o lobo mau que aparece toda noite para assustar quem poderia estar usando seu tempo para se preocupar e temer coisas realmente graves, como um governo genocida ou alguém que está na mesma casa que você sendo vítima de um relacionamento abusivo por exemplo. E além do mais, por que o Rei do Pop teria tanto interesse em te assombrar alecrim dourado?

   Enquanto alguns tentam prolongar seus 15 minutos de fama para 3 meses de confinamento em um programa de televisão nacional, outros mais conscientes procuram saber quem realmente é Michael Jackson e descobrem qual é o lado assustador da história e quem realmente assombrou e perseguiu Michael por anos. Aqueles que realmente devem ser temidos.

   Michael é eterno e quem busca saber mais sobre ele é privilegiado. Milhares de crianças que nasceram após a sua passagem carregam em si o amor por sua música, dança, vida e obra. Sem medo, enquanto outros temem uma aparição fazendo Moonwalk em um mundo em que devemos temer os vivos.

Quem tem medo do talento? Quem tem medo de passos de dança e músicas lendárias? Quem tem medo da grandiosidade? Quem tem medo do Michael Jackson?

Pâmela Lopes

O que Michael Jackson nunca esqueceu

Sempre ouvi as pessoas dizendo que Michael renegava suas origens. Sobre como quis transformar seu rosto, mudar sua cor e se afastar de tudo que o lembrasse daquele garoto de Gary, Indiana.

   Não é novidade para ninguém que Michael teve sua infância “roubada” trabalhando desde a tenra idade enquanto outras crianças brincavam livremente usufruindo do anonimato que lhes pertenciam como um presente precioso que Michael desejava, mas não podia ter.  

   Com o passar do tempo Michael Jackson tentou ir em busca daquilo que não teve, construindo seu sonho em Neverland. Como sabemos, nem todas as pessoas tiveram a sensibilidade de entender seu ponto, seus sonhos e a vontade de fazer o bem ao próximo. E claro os aproveitadores com suas acusações infundadas criaram uma rede de mentiras e desconfiança da qual Michael conseguiu provar sua inocência embora muita gente ainda não acredite nela.

   Mas o ponto é que a mídia sempre tentou de certa forma separar Michael de Michael. Como? Fazendo comparações piegas do pequeno MJ na época dos Jackson 5 ou na era Thriller com as outras eras como se ele não fosse mais a mesma pessoa, como se ele não quisesse ser, pintando um falso retrato triste “do que ele se tornou”.

  Outro exemplo é o “documentário” Living With Michael Jackson em que podemos ver Martin Bashir em Neverland segundo suas próprias palavras querendo entender como “O gênio da música e da dança chegou à condição surreal que se encontra hoje” e para isso ele começou a “procurar respostas no inicio de tudo” enquanto na tela aparecia um porta retrato de Michael criança e em seguida um quadro dele rodeado por anjos remetendo ao clipe de You Are Not Alone. Ou seja, Michael e lembranças de sua trajetória.

   Em seguida Michael ouve seu primeiro single Big Boy enquanto responde perguntas sobre a descoberta de seu talento musical. Outro ponto é quando eles assistem uma apresentação de I Want You Back no The Ed Sullivan Show enquanto Michael fala de seu dom e Martin o observa se assistindo como alguém que procura uma “resposta” do Rei do Pop, seja uma “desconexão” entre o Michael na tela e o que estava ao seu lado ou talvez um traço de incômodo de Michael ao se ver criança.

   Oprah Winfrey em sua entrevista com MJ pergunta sobre o boato de Michael querer que um garoto branco o interpretasse quando criança em um comercial de refrigerante enquanto Michael deixa claro que essa é a história mais ridícula e terrível que já ouviu e que tem orgulho de sua cor. E essa é só mais uma tentativa de querer separar Michael de Michael.

   Embora MJ pudesse muito bem querer “fugir” de lembranças dolorosas ele de certa forma sempre tentou expor a importância de Neverland para si, explicando como foi sua “infância” em música como Childhood e buscando alegrar e ajudar milhares de crianças ao redor do mundo.

   Em suas turnês Michael sempre cantou o Medley dos Jackson 5 (I Want You Back/Stop The Love You Save/l’ll Be There) com projeções no telão de sua fase no grupo com seus irmãos, aquela fase que juram que ele odiava e queria esquecer. Existem outros exemplos como o pequeno Michael retratado na capa do álbum Dangerous, da sua voz ainda criança em uma entrevista no início da Música History, Sua visita a Gary, Indiana trazendo à tona como sua trajetória foi importante para construção de sua carreira de sucesso e como ele se orgulhava disso.

      Não digo que Michael adorava ou que deveria adorar cada momento de sua “infância”, mas é notável como ele transformou suas dores em arte e como depois de adulto quis alimentar e alegrar sua criança interior, criança que não teve culpa das situações ruins pela que passou e soube agraciar o mundo com sua música, dança e filantropia.

   Não adianta querer separar Michael de Michael. Você pode se esquecer de tudo o que aconteceu em sua vida, mas o mais importante é saber o quão incrível ele se tornou mantendo a determinação, coração, bondade e sorriso, trilhando sua História com tudo aquilo que ele nunca esqueceu.

Pâmela Lopes

O Rei eterno

O que é preciso para se tornar uma lenda e ser coroado Rei? Para a maioria das pessoas só deve receber tal honraria aqueles que ultrapassaram as barreiras de tudo o que já foi visto. Alguém que leve a arte a outro patamar, quebrando recordes, criando sua própria identidade visual, musical e criativa.

  Para outros ser o Rei do Pop é como ser o “funcionário do mês” de uma empresa, que visa premiar aqueles que alcançam a excelência em seu trabalho. Mas nesse caso em especifico o “funcionário” não ganha um quadro com sua foto na parede, mas sim uma capa de revista te promovendo para um cargo em que a vaga já está ocupada em definitivo.

  Não cabe listar aqui todos os feitos e recordes quebrados por Michael Jackson para ser considerado o King Of Pop. Muitos, mesmo não gostando do maior artista de todos os tempos sabem reconhecer seu título e o porquê dele o merecer.

   A revista Rolling Stone tenta passar a coroa de Michael como se a pertencesse. Como se ela fosse realmente capaz de coroar alguém.

   Seja para criar revolta, atrair leitores ou talvez gerar atrito a verdade é que tal publicação serviu apenas para mostrar a força de MJ, dos seus fãs e admiradores ao redor do mundo que mantêm seu legado vivo.

   “New King of Pop’ Não é um termo assustador, é um termo inexistente que só tem importância na cabeça de quem o escreveu ou daqueles que não entendem de música, arte e entretenimento.

   É muito interessante observar a boba da corte em forma de revista na tentativa frustrada de nos fazer “rir” ao mesmo tempo em que pensa ter poder suficiente para destronar o Rei. Devemos aplaudir? Ou jogá-la aos leões? Na verdade, acredito que tenhamos que observar o próximo número desesperado, o próximo nome do “Rei” ou quem sabe “Reis da capa”, porque afinal em uma página de revista pode caber vários, mas na história só tem espaço para um único e verdadeiro Rei do Pop e você e o resto da humanidade sabe muito bem a quem me refiro.

Pâmela Lopes

A coragem e a força de Michael Jackson

     Imagina você acorda sendo Michael Jackson. Isso seria incrível. Você teria fama, dinheiro e milhares de pessoas que fariam de tudo para estar ao seu lado. Quanto aos tablóides falando mal de você não teria nada de mais não é mesmo? Afinal, essas coisas acontecem no mundo das celebridades. Porém, com você a questão é diferente a abordagem é mais pesada. Estão falando da sua aparência, sua cor, carreira, relacionamentos, filhos… Enquanto questionam sua saúde mental e te acusam de abuso sexual infantil.

Muitos dizem que Michael ao ter sua infância perdida ao tentar resgatá-la acabou se destruindo se envolvendo em polêmicas e assim partindo muito cedo. Sim, ele se foi muito cedo de forma inesperada, mas ele não queria ir. Ele estava se preparando para This Is It. Fazendo o que amava para aqueles que amava. Isso faz de Michael Jackson fraco?

   Quando MJ expunha em entrevistas ou compunha músicas como Childhood falando sobre como sua infância foi difícil ele não estava buscando piedade, mas sim compreensão e para isso é necessária muita coragem. Assim como podemos ler em seu livro de poemas e reflexões Dancing The Dream de 1992 onde Michael disserta sobre o que é ser corajoso.

Coragem

É curioso observar aquilo que exige coragem. Quando piso num palco diante de milhares de pessoas, não sinto coragem. É preciso muito mais coragem para expressar sentimentos. Quando penso em coragem, lembro do Leão Covarde de O Mágico de Oz. Ele sempre queria fugir do perigo. Chorava e tremia de medo. Mas também abria o coração para dizer o que sentia àqueles que amava, mesmo quando não gostava de seus sentimentos.

É preciso ter muita coragem para falar de si mesmo. Expressar os sentimentos não é o mesmo que chorar na frente de alguém – é ser autêntico e verdadeiro, e ouvir o que o coração diz. Quando temos coragem de abrir o coração, nos conhecemos melhor, e permitimos que vejam como somos. Dá medo, pois nos sentimos vulneráveis e corremos o risco de ser rejeitados. Mas sem autoaceitação, outro tipo de coragem, aquela que os heróis demonstram no cinema, parece irreal. Apesar do risco, a coragem de sermos honestos e sinceros abre-nos ao autoconhecimento. Dá-nos aquilo que queremos: a nossa promessa de amor. (Michael Jackson)

Ao atingir a idade adulta Michael poderia ter abandonado a vida artística, porém não o fez. Por que o faria? Ele fez de sua arte seu instrumento de desabafo e luta.

    Obras como: Leave Me Alone, Why You Wanna Trip On Me, Money e Privacy são alguns exemplos de um Rei do Pop que a mídia não queria. Um que expõe seu ponto de vista, suas dores e a perseguição que sofria. Bem diferente daquilo que esperavam; um artista apático, com medo da imprensa e que apanha calado enquanto abutres tentam jogar seu nome na lama.

   Michael passou por coisas que fariam com que muitas pessoas desistissem se deixando abater pela cruel opinião pública. Claro que os dias e anos difíceis existiram e eram muitos. Porém saber aproveitar momentos alegres e descontraídos é o combustível para seguir em frente e Michael fez isso como ninguém. Não é sobre uma existência triste, mas sim sobre uma vida onde coragem e força foram primordiais para manter vívida a plenitude e a sã consciência daquele que lutava por sua música, sua família e seus fãs.

   Michael Jackson era forte. Não pelo peso material que podia carregar em suas mãos, mas pelo peso do mundo que levava em suas costas. Um mundo que nunca esteve preparado para alguém como ele.

Pâmela Lopes

O Sol nasce para todos: Michael Jackson nunca te impediu de crescer

Estamos acostumados a ouvir que algumas pessoas nascem com talentos extraordinários nas áreas mais diversas. Enquanto outros, devem se contentar em apenas ser “mais um” na multidão. A verdade é que poucos reconhecem o trabalho árduo, a dedicação e o amor pela profissão como algo notável, independente do campo de atuação de cada um. As asas de muitos são cortadas antes mesmo de alçarem o primeiro voo, seja com palavras, atitudes e milhares de outras formas que diversas pessoas encontram para tentar fazer com que o outro absorva a sua própria mediocridade.

    O incrível, o extraordinário muitas vezes assustam, principalmente quando atrelado a isso vem a fama, fortuna e milhares de fãs. A partir daí surgem pessoas totalmente avessas àqueles que conseguem trabalhar e viver plenamente exercendo aquilo que amam. Como se o sucesso e as realizações do outro os impedissem de crescer. E o que eles fazem contra aqueles que estão “no topo”? Jogam pedras para tentar derrubá-los e quem sabe assim tentar mantê-los na “mesma altura”. Quantas vezes já ouvimos a frase “Ele tinha tanto talento, pena que se perdeu.” Mas o que é se perder? É não corresponder às expectativas de vida daqueles que não sabem como é viver sob os holofotes ou é decidir viver seu sonho de se tornar um ídolo e referência para milhões de pessoas ao redor do mundo?

    Michael Jackson é visto como alguém que nasceu predestinado ao sucesso. O escolhido. O garotinho que desde muito cedo brilhou à frente dos Jackson 5. O artista com o álbum mais vendido de todos os tempos. E o que Michael fez com tudo isso? Michael sempre entendeu o que é ser fã, admirava, reconhecia e respeitava o trabalho dos outros e mostrava isso. Um exemplo é o trecho que podemos ler em seu livro autobiográfico Moonwalk de 1988.

“Eu sou um grande admirador de Michelangelo e de como ele derramou a sua alma em seu trabalho. Ele sabia em seu coração que um dia iria morrer, mas que o trabalho que ele fez viveria. Você pode dizer que ele pintou o teto da Capela Sistina com a sua alma. Eu posso olhar uma pintura e me perder. Ela puxa você pra dentro, todas as emoções e drama. Ela se comunica com você. Você pode sentir o que o artista estava sentindo.” (Michael Jackson)

   Michael através da sua arte incentivou milhares de pessoas a nunca desistirem daquilo que queriam se mantendo firmes em seus objetivos. Um exemplo disso é o que podemos aprender ao ouvir músicas como: Keep The Faith, On The Line, passando por Man In The Mirror, Heal The World e Earth Song que não só motivam os ouvintes a lutarem pelo o que querem, mas também faz com que reflitam sobre como se tornarem pessoas melhores e melhorarem o mundo.

“Pois você pode escalar a montanha mais alta
Nadar no mar mais profundo- hee
Tudo que você precisa é de vontade para querer isso
E uuh, um pouco de auto-estima
Então mantenha a fé
Não deixe ninguém virar as costas
Você tem que saber quando é a hora de ir
E tirar seus sonhos do chão
Mantenha a fé, baby
Porque é tudo uma questão de tempo
Antes que sua convicção seja vencedora
Acredite em você
Custe o que custar
Você pode ser um vencedor
Mas você tem que manter a fé”
(trecho da Música Keep The Faith)

“Nada bom vem fácil
Todas as coisas boas vêm no tempo certo, vêm sim
Você tem que ter algo em que acreditar
Estou lhe dizendo para abrir sua mente”
(trecho da música on the line)

Todos podem se tornar grandes de alguma maneira, seja com realizações em sua vida profissional ou pessoal, mas atacar alguém sobre seu trabalho ou vida privada não é e nunca será o caminho. É isso que faziam e fazem até hoje com o Michael. Se usassem o tempo e a facilidade de inventar histórias absurdas sobre ele em algo bom teríamos mais e mais pessoas cuidando de suas vidas e trabalhando em seus sonhos.

   Os fãs também sofrem críticas. Como se ser fã anulasse suas vidas fazendo com que o único objetivo de sua existência seja adorar Michael Jackson. Muito pelo contrário, ser fã do Michael nos ensina cada vez mais a reconhecer e respeitar o trabalho das pessoas ao mesmo tempo em que trilhamos nosso próprio caminho.

   Michael Jackson nunca impediu ninguém de crescer. Nem mesmo aqueles que diziam que ele era louco e deveria ser preso o impedindo assim de continuar fazendo tudo o que sempre soube fazer de melhor, tentando assim através de mentiras ceifar a arte e a vida do rei do pop. Mas entre essas pessoas e os outras existe uma diferença enorme. Elas tentam se sentir grandes mesmo com mentes pequenas. Enquanto outros assim como Michael sabem que o sol nasce para todos.

Pâmela Lopes

Perdas e ganhos

Milhares de palavras já foram ditas. Milhares de homenagens já foram feitas de diversas formas. O que mais podemos fazer? O que mais os nossos corações têm a dizer? Seja hoje, em agosto ou qualquer outra data em qualquer lugar. O que ainda temos que gritar ao mundo sobre aquele que fez e disse tanto para todos?

    Revirando o baú do tempo percebemos que a tristeza ocupa muito espaço, ela continua ali firme e pronta para “atacar” em momentos que não temos controle. A saudade assim como ela também está pronta para agir em momentos aleatórios, mas principalmente no dia de hoje, tendo uma data permanente marcada com um alfinete dolorido no nosso calendário da vida.

     Na indústria do entretenimento se fala muito sobre a “perda do rei do pop” sobre como a música se tornou mais pobre com a passagem daquele que criava obras primas. Nós, os fãs acrescentamos a falta não só do “Michael Jackson”, mas a falta do Michael, aquele que nos conquistou não só como artista, mas como ser humano.

    E o que falar sobre os ganhos? Não me refiro a dinheiro, mas sim aos ganhos de amor, vida e arte com a qual ele nos presenteou. Tudo aquilo que sabemos, ouvimos, vemos e ainda o “inédito” que pode vir. O que fazemos com tudo isso? Consumimos, cuidamos e divulgamos para que mais pessoas se juntem a nós e percebam como é bom ser fã do rei do pop. Hoje minhas lágrimas não são de tristeza, mas de gratidão.

    Uma vez li uma frase que dizia “Alguém só morre de verdade quando o seu nome é dito pela última vez” Então, não se preocupe Michael Jackson. Você viverá para sempre.

Pâmela Lopes

Feliz ano velho

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   Ano novo, vida nova. É o que as pessoas desejam ao fazer seus pedidos para o ano que vai nascer. Mas como alguém que “não tem vida” pode desejar algo novo?

   Sim, estamos em 2019, mas a mídia, os exploradores, mentirosos e aproveitadores não acompanharam a evolução humana e batem na mesma tecla. A da mentira, do ódio gratuito, sem se importar com as consequências.

   Michael não está sendo acusado por roubar doces. Não se pode fazer documentário sobre isso, não se pode fazer um documentário sobre o bem que Michael Jackson fez e faz para as pessoas. A felicidade não dá audiência.

    Segundo o dicionário um dos significados de documentário é o “que tem valor ou caráter de documento”. Mas, podemos também chamar de “Algo criado por alguém sem valor de caráter, sem comprovação do que diz, que não apresenta nenhum documento”. Criar algo tão deplorável é manchar o trabalho daqueles que criam documentários verdadeiros e incríveis de forma excepcional e profissional.

    Michael “não está mais aqui”, entretanto, permanece mais vivo, mais humano do que aqueles que se prestam a criar mentiras envolvendo seu nome para que assim possam por pelo menos alguns minutos preencher suas vidas vazias tanto quanto seus bolsos.

   Michael não está sozinho, estamos aqui para proteger o que ele deixou de mais valioso, a sua história, sua verdade.

    O quão triste deve ser a vida de alguém que se submete a essa exposição, fingindo, manipulando as pessoas sobre algo tão horrível quanto abuso sexual infantil?

   Feliz ano velho para aqueles que insistem nas inverdades criadas no passado. Feliz ano velho para aqueles que se vendem tentando manchar a imagem de alguém que você nunca vai se tornar. Feliz ano velho para aqueles que querem criar uma vida nova cheia de luxo bancada pela falta de amor ao próximo.

   Não esqueceremos quem inventou o quê. Parabéns seus nomes estão sendo divulgados para o mundo, mas diferente de Michael Jackson que sempre será iluminado pelos holofotes de uma vida de sucesso, contentem-se com a faísca passageira antes de voltar para a escuridão.

Pâmela Lopes

Cá entre nós

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Ontem lemos uma notícia em um site. Hoje já não lembramos mais dos detalhes. Não nos recordamos das brincadeiras no jardim de infância e nem mesmo o que almoçamos mais cedo.

   Embora a memória nos pregue peças existem momentos, sensações e pessoas que ficam marcadas como cicatriz. Uma cicatriz interna, eterna e terna.

   Para o mundo esse dia 25 de Junho é um ano a mais sem Michael Jackson, mas para os fãs o que esse dia representa? Existem datas comemorativas como as do lançamento de cada álbum de cada sucesso e principalmente o aniversário do Michael em Agosto. No aniversário celebramos a vida e hoje remoeremos o dia da tristeza?

   Embora cada pessoa tenha sua forma de atravessar essa data, hoje não é o dia de lamentar a perda, pois não se perde aquilo que ainda se tem.

    Não vemos mais o Michael em Neverland, compondo, fazendo shows e obras de caridade. Mas, então o que ainda temos? Podemos ficar durante horas falando sobre seu legado musical e de vida. Sobre sua forma de ver o mundo e sobre como tudo isso é importante; porém o que mais se destaca é esse sentimento que nos abraça quando o assunto é Michael Jackson.

   Dizem que ele foi cedo demais, mas como diz aquela frase famosa “E no fim, não são os anos em sua vida que importam. O que importa é a vida em seus anos” E por mais que apontassem Michael como uma pessoa diferente, artificial e até mesmo vazia, ele foi alguém cheio de vida.

   Durante cada ano, cada década, Michael doava um pouco de si. Em cada doação, cada sorriso, cada obra, Michael doava um pouco de si. E muitos souberam aproveitar muito bem cada “pedaço” que recebia. Entretanto, outros não mereciam o que receberam e mentiram para conseguir sempre mais. Michael se doava de corpo, Michael se doava de alma. Talvez tudo tenha sido tão repentino e não tivemos tempo para dizer adeus porque não se diz adeus para quem não se foi. Ele está presente no mínimo e no máximo. Desde a criança que está conhecendo seu trabalho agora a até mesmo aquele que sabe cantar todas as canções.

   O último dia sem Michael Jackson foi o dia antes de seu nascimento, porque a partir dessa data o mundo passou a ter alguém especial que encantaria tantas pessoas e ele ainda tem. Hoje não é o dia de relembrar “mais um ano sem Michael Jackson” porque assim como a amor que ele tanto defendia, ele próprio também vive para sempre.

   Antes de lamentarmos o que aconteceu naquela data, devemos agradecer por tudo que veio antes, o agora e o que estar por vir. Somos privilegiados de ver o Michael como o vemos e não apenas como alguém famoso de quem ouvimos falar. Não, não tem nada de errado em saber pouco sobre o Michael, mas cá entre nós saber o que sabemos é maravilhoso.

Pâmela Lopes

 

Coisas frágeis

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    Toque piano, violino, guitarra. Toque em um tecido macio. Toque no rosto de alguém que você gosta. Toque a capainha de uma casa. Dê um toque especial em sua decoração. Mas não toque em assuntos delicados, não toque em assuntos que te incomodam, não toque em coisas frágeis.

      A maioria das pessoas vê um artista como alguém de talento cujo “dever” é entreter seu público. Alguém famoso de quem se deve falar, seja bem ou mal; alguém que nasceu “diferente” da maioria das pessoas. Assim, o trabalho desse artista serve como fuga de dias monótonos, sua música nos diverte e nos faz esquecer dos problemas por um tempo.

   E quando a vida particular de um artista é exposta, seja pela mídia ou por ele mesmo? E quando você percebe, por mais que seja óbvio que aquele cara tem dias ruins como todo mundo?

    Michael ter passado por uma “infância” difícil, ter tido problemas de acne na adolescência, problemas familiares, ter Neverland como lar para tentar buscar a infância que sempre sonhou, isso e tantas outras coisas é capaz de fazer com que alguns o vejam como um espelho. Não que todos saiam por aí construindo sua terra do nunca; me refiro ao espelho das emoções humanas, que reflete aquilo que aconteceu, acontece, ou vai acontecer com cada um de nós.

    Se por um lado assistir Private Home Movies possa trazer frescor a alma de quem não acreditava que Michael poderia se divertir normalmente; ter sofrido, ter se divorciado, ter discursado a favor das crianças e ter doado milhões de dólares para caridade acaba se tornado algo frágil, sensível ao toque, uma coisa que Michael mostra, cuida, quer compartilhar com as pessoas, porém elas tem medo de tocar.

    Algo delicado pode acabar se quebrando, ao tentar recolher os pedaços alguém pode se cortar. O corte faz sangrar e ao recordar esse momento as lembranças não são boas. Mas é bem melhor se cortar, conhecer e enfrentar a dor do que passar a vida fugindo dela.

    Muito se fala que as pessoas não entendiam Michael por ele ser diferente demais, porém, por mais estranho que possa parecer muitos não o compreendiam por ele ser humano demais. Um outdoor de emoções, grande e elegante e ao mesmo tempo um homem com alma de cristal.

   Tantos fatores podem levar ao distanciamento. Poucos são aqueles que querem ir além da música, da dança e do estilo. Quem realmente quer ir além e se depara com a vida, com as mentiras inventadas sobre ele, com coisas tão comuns pode acabar aprendendo; aprendendo muito sobre o Michael Jackson, mas muito mais sobre si mesmo, porque olhar para a vida de outras pessoas além das que nos rodeiam é como aprender a se ver no outro.

   A vida não é um museu onde as emoções são obras raras que não podem ser tocadas. Ela é mais como um mercado onde alegria, tristeza, raiva e amor estão nas prateleiras e ao colocarmos esses itens no nosso carrinho existencial temos que pagar um preço, seja alto ou baixo, seja justo ou não. Mas para quem tem fome de conhecimento, um jantar simples pode se tornar o melhor banquete.

Pâmela Lopes

Ser fã não é trem-bala, parceiro!

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    Ontem me perguntaram: Você ainda é fã do Michael Jackson? Isso me fez lembrar de outra pergunta que fizeram há um tempo que era: Quando você deixar de ser fã do Michael Jackson, vai vender as coisas que tem dele?

  Sabe quando você tem uma dor de cabeça muito forte toma um comprimido e ela passa? Ou quando ouvia músicas de uma determinada banda e hoje mal se lembra do nome dos integrantes dela?

   Quando alguém vê um fã tão apaixonado e dedicado logo solta a frase “Daqui um tempo você vai sentir vergonha de ter sido fã de dele(a)”.

   Nessa longa jornada em ser fã do Michael vemos aqueles que se distanciam, que vão embora por mais que isso pareça ser uma coisa inacreditável. Entretanto, aqui não estou me referindo a aqueles que abandonam o barco, seja por qual motivo for, mas sim sobre quem permanece até hoje inseridos nesse universo de amor constante. O amor que o Michael disse viver para sempre.

    A maioria das pessoas vê os fãs como fanáticos, vêem o fã não como uma pessoa que gosta de um artista, mas como alguém que está passando por uma fase na vida que logo irá acabar.

    Não culpo as pessoas por fazerem certas perguntas, elas não compartilham do mesmo sentimento, elas não sabem, porém é importante dizer que fã não é somente aquele que fala do ídolo 24 horas por dia. Outra coisa importante é que nos tornamos por muitas vezes seletivos evitando falar do Michael com aqueles que julgam antes mesmo de tentar entender o que ouvem.

   Quando alguém se torna fã a semente é plantada em seu coração, e a árvore do amor é sim cuidada, alimentada. E os frutos são compartilhados para que nasçam mais e mais árvores cada vez mais fortes.

    Já me perguntaram se eu chorei quando o Michael se foi. Por que eu não choraria? Como poderia me tornar indiferente em um momento como esse? Como? As lágrimas derramadas por alguém mesmo que de longe muitas vezes são mais sinceras que os sorrisos falsos abertos pessoalmente.

   Não, eu não deixei de gostar do Michael. Não, eu não venderei minhas coisas dele. E o mais valioso está aqui dentro de mim, dentro de cada um de nós.

   Ser fã não é trem-bala, parceiro. Não é uma coisa que passa rápido pela estrada da vida, mas sim algo que te acompanha na jornada de descobertas por novos caminhos.

Pâmela Lopes