A coragem e a força de Michael Jackson

     Imagina você acorda sendo Michael Jackson. Isso seria incrível. Você teria fama, dinheiro e milhares de pessoas que fariam de tudo para estar ao seu lado. Quanto aos tablóides falando mal de você não teria nada de mais não é mesmo? Afinal, essas coisas acontecem no mundo das celebridades. Porém, com você a questão é diferente a abordagem é mais pesada. Estão falando da sua aparência, sua cor, carreira, relacionamentos, filhos… Enquanto questionam sua saúde mental e te acusam de abuso sexual infantil.

Muitos dizem que Michael ao ter sua infância perdida ao tentar resgatá-la acabou se destruindo se envolvendo em polêmicas e assim partindo muito cedo. Sim, ele se foi muito cedo de forma inesperada, mas ele não queria ir. Ele estava se preparando para This Is It. Fazendo o que amava para aqueles que amava. Isso faz de Michael Jackson fraco?

   Quando MJ expunha em entrevistas ou compunha músicas como Childhood falando sobre como sua infância foi difícil ele não estava buscando piedade, mas sim compreensão e para isso é necessária muita coragem. Assim como podemos ler em seu livro de poemas e reflexões Dancing The Dream de 1992 onde Michael disserta sobre o que é ser corajoso.

Coragem

É curioso observar aquilo que exige coragem. Quando piso num palco diante de milhares de pessoas, não sinto coragem. É preciso muito mais coragem para expressar sentimentos. Quando penso em coragem, lembro do Leão Covarde de O Mágico de Oz. Ele sempre queria fugir do perigo. Chorava e tremia de medo. Mas também abria o coração para dizer o que sentia àqueles que amava, mesmo quando não gostava de seus sentimentos.

É preciso ter muita coragem para falar de si mesmo. Expressar os sentimentos não é o mesmo que chorar na frente de alguém – é ser autêntico e verdadeiro, e ouvir o que o coração diz. Quando temos coragem de abrir o coração, nos conhecemos melhor, e permitimos que vejam como somos. Dá medo, pois nos sentimos vulneráveis e corremos o risco de ser rejeitados. Mas sem autoaceitação, outro tipo de coragem, aquela que os heróis demonstram no cinema, parece irreal. Apesar do risco, a coragem de sermos honestos e sinceros abre-nos ao autoconhecimento. Dá-nos aquilo que queremos: a nossa promessa de amor. (Michael Jackson)

Ao atingir a idade adulta Michael poderia ter abandonado a vida artística, porém não o fez. Por que o faria? Ele fez de sua arte seu instrumento de desabafo e luta.

    Obras como: Leave Me Alone, Why You Wanna Trip On Me, Money e Privacy são alguns exemplos de um Rei do Pop que a mídia não queria. Um que expõe seu ponto de vista, suas dores e a perseguição que sofria. Bem diferente daquilo que esperavam; um artista apático, com medo da imprensa e que apanha calado enquanto abutres tentam jogar seu nome na lama.

   Michael passou por coisas que fariam com que muitas pessoas desistissem se deixando abater pela cruel opinião pública. Claro que os dias e anos difíceis existiram e eram muitos. Porém saber aproveitar momentos alegres e descontraídos é o combustível para seguir em frente e Michael fez isso como ninguém. Não é sobre uma existência triste, mas sim sobre uma vida onde coragem e força foram primordiais para manter vívida a plenitude e a sã consciência daquele que lutava por sua música, sua família e seus fãs.

   Michael Jackson era forte. Não pelo peso material que podia carregar em suas mãos, mas pelo peso do mundo que levava em suas costas. Um mundo que nunca esteve preparado para alguém como ele.

Pâmela Lopes

Deixar um comentário